domingo, 26 de dezembro de 2010

Quisera eu....

Quisera eu ter a facilidade de não saber discutir pessoas...
Quisera eu viver demais e pensar de menos...
Quisera eu discutir maiores idéias...
Quisera eu, não mais fazer convites sinceros e por vontades loucas, aparecer repentinamente na frente de amores...
Quisera eu declarar poemas, superar sentimentos, entregar-me em novidades...
Quisera eu não mais manter limites que me prendam em eternas inseguranças...
Quisera eu tentar demais e fracassar de menos...
Quisera eu dividir maiores lembranças e viver sem pudores...
Quisera eu quebrar princípios e cantar maiores liberdades...
Quisera eu ter retribuído maiores carinhos, ter respondido com igualdade aos atos liderados por paixões...
Quisera eu escolher caminhos e facilitar a chegada de novas eras...
Quisera eu seguir eternamente apaixonado e jamais sentir-me incapaz dos desejos de reconquista...
Quisera eu acabar-me em palavras...
expor desejos, excluindo de mim qualquer tentativa de terminar em silêncio...
Quisera eu surpreender-me com atitudes rápidas caracterizadas por vontades únicas de beijos, abraços, carinhos, tesão...
e simplesmente entregar-me...
Abandonar o corpo e os pensamentos...
Abandonar a palavra não...
Quisera eu acreditar no que a novidade pensa ao meu respeito...
Quisera eu manter união eterna com as mudanças e aprendizados...
Quisera eu ter sido mais necessário...
Quisera eu ser menos confiável...
Quisera eu superar limites impostos...
Quisera eu ter a necessidade de abandonar-me no mundo e fazer companhia excessiva ao silêncio e à noite...
Quisera eu evitar amores, as vezes, por senti-los desnecessários e então não retribuí-los...
Quisera eu ter um amor a cada dia, uma boca a cada momento, um corpo a cada desejo e depois de tudo isso jogá-los fora...
Quisera eu provocar sentimentos...
sentir-me em falta...
e depois de tudo...
querê-los de volta...
Quisera eu evitar a inconstância...
Quisera eu dizer-te todos os dias, em seus ouvidos, palavras completas...
que só voce saiba...
Quisera eu ser a sua vontade, o seu homem, o seu desejo e tudo o que lhe for necessário...
Quisera eu querer e não querer-te...
Quisera eu acreditar no sempre e jamais perder pessoas...
Quisera eu chorar as lágrimas que não tenho tido tempo de chorar...
Quisera eu perder o fôlego com sorrisos sinceros e dizer não ao sorrisos falsos, forçados, amarelos...
Sem graça...
Quisera eu ter companhia nessa noite fria, onde o vento gelado insiste em rasgar minhas mãos trêmulas...
Quisera eu ter, só por esta noite, o calor do amor, a sinceridade de um olhar e a reciprocidade dos pensamentos longínquos...
Quisera eu dividir respostas para o que insisto buscar calado...
dividir os copos...
sujar as mesas...
derrubar cadeiras...
Rir desnecessariamente por estar satisfeito em compartilhar verdades...
Quisera eu...
calar-me...
eternamente...
Deixando apenas palavras e acreditando na receptividade que as mesmas insistem em produzir....


Fernando Resende

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